A ansiedade é uma reação natural do corpo. Ela nos ajuda a ficar alerta para os perigos iminentes. Porém, quando patológica, caracteriza-se por sintomas físicos e psíquicos que provocam alterações de humor, comportamentais e corporais, caracterizados em sua maioria por angústia constante, preocupações em excesso, medo irracional, insegurança, dificuldades para dormir, pensamentos confusos e constantes, falta de concentração, tensão muscular, dor de barriga, tontura ou sensação de desmaio, sensação de que algo ruim vai acontecer e falta de controle dos próprios pensamentos.
É notório que nos dias de hoje vivemos uma vida marcada pela rapidez, estamos sempre correndo para dar conta de tudo dentro do espaço de 24 horas do dia e isso tem acarretado diversos problemas na saúde mental das pessoas, sendo o transtorno de ansiedade um desses problemas, se não o principal, um dos maiores.
A maioria das pessoas vive um cotidiano cheio de estresse, metas a serem cumpridas, prazos curtos, hiper estímulo e o uso excessivo de tecnologias, o que acaba propiciando o desenvolvimento de uma ansiedade que vai além do considerado normal e, quando isto acontece, a ansiedade deixa de ser algo natural e passa a se manifestar de forma patológica, interferindo na rotina e na qualidade de vida.
Costumo sempre dizer que a ansiedade, assim como a depressão e a maioria dos transtornos psiquiátricos é uma doença invisível, ninguém vê, por isso, muitas pessoas ainda sofrem preconceito e julgamentos quando passam por situações em que os sintomas se manifestam, por isso leve em consideração que só quem sabe o que está sentindo é você, dê ouvidos aos seus sentimentos e procure ajuda especializada para lidar com eles, afinal sua saúde deve vir em primeiro lugar sempre.
É importante salientar que, quando a ansiedade não está em um nível saudável ela nos priva de fazermos as coisas que gostamos ou queremos porque é tudo tão incômodo que a nossa reação acaba sendo a de fugir para não sentir e, à medida que vamos fugindo para não sentir, nosso corpo se acostuma com isso e não conseguimos enfrentar essa gama de sentimentos e emoções, porque a cada vez que fugimos, o medo e a ansiedade vão aumentando. Se o corpo se acostuma a não sentir, a coisa vai ficando maior e chega ao ponto em que só de pensar na possibilidade, os sintomas já surgem. Algumas correntes da Psicologia chamam esse fenômeno de Ciclo da Evitação, exatamente porque é o que acaba acontecendo, por medo de sentir, evitamos as situações e, ao evitar, não sentimos, porém ficamos cada vez mais vulneráveis a sentir.
O que fazer então para mudar e sair desse ciclo? Primeiramente é preciso saber reconhecer que está assim, ter clareza de que está nesse ciclo evitativo. Ao reconhecer isso, é preciso começar a se forçar a sair da zona de conforto. Fazer as coisas aos poucos, mesmo sentindo ansiedade. Ao fazer um pouquinho de cada vez, você vai acostumando o seu corpo a sentir a ansiedade e o medo, a experienciar essas emoções desconfortáveis. É Importante que fique claro que é preciso enfrentar, mas bem aos poucos para não ser insuportável. Imagine que você está diante de um lago e você não sabe se a água está muito fria ou se é muito fundo, então precisa ir entrando aos poucos, primeiro coloca a ponta do pé na água para testar a temperatura, depois entra um pouquinho para sentir a profundidade e se acostumar com a água fria e assim, bem lentamente, você vai entrando mais no lago e cobrindo o corpo aos poucos até chegar onde deseja e, nessa hora, seu corpo já estará acostumado com a nova temperatura e com a profundidade. Da mesma forma você vai fazer ao enfrentar o que lhe provoca ansiedade ou medo, vai aos poucos e lentamente até que o seu corpo vai se acostumando a sentir novamente.
Tenha em mente que não é apenas psicológico, é biológico também. Você não convence seu corpo de que não é perigoso apenas conversando com ele e dizendo, é preciso que ele viva a situação para sentir isso. Existem técnicas que podem ser usadas durante o processo de enfrentamento que podem ajudar a acalmar e fazer com que você consiga passar por isso de forma menos sofrida. A principal delas é a Respiração Diafragmática, que consiste em respirar com o diafragma, de forma lenta e compassada, inspirando profundamente e expirando aos poucos para aumentar a oxigenação no corpo e acalmar as reações físicas, além de focar a sua mente no presente e ajudar a tirar o foco da situação que está causando todos os sintomas.
Zara Barbosa
Psicóloga (CRP-17/2465)
Zara Barbosa
Psicóloga (CRP-17/2465)